O termo rococó forma da palavra francesa rocaille, que significa "monte de pequenas pedras",[1] também conhecido como Barroco Tardio, é um estilo excepcionalmente ornamental e dramático de arquitetura, arte e decoração que combina assimetria, curvas onduladas, dourado, cores brancas e pastéis, molduras esculpidas e afrescostrompe-l'oeil para criar ilusão de movimento, drama e surpresa. É frequentemente descrito como a expressão final do barroco.[1][2] Foi muitas vezes alvo de apreciações estéticas pejorativas.
Era conhecido como "estilo Rocaille ",[3] rapidamente se espalhou para outras partes da Europa, particularmente no norte da Itália, Áustria, sul da Alemanha, Europa Central e Rússia.[4] O estilo migrou também para a América e sobreviveu em algumas regiões até meados do século XIX. Também influenciou outras artes, especialmente escultura, móveis, prataria, vidro, pintura, música e teatro.[5]
O Rococó nasceu em Paris em torno da década de 1720 e perdurou até aproximadamente 1770 como uma reação da aristocracia francesa contra o Barroco suntuoso, palaciano e solene praticado no período de Luís XIV. Caracterizou-se acima de tudo por sua índole hedonista e aristocrática, manifesta em delicadeza, elegância, sensualidade e graça, e na preferência por temas leves e sentimentais, onde a linha curva, as cores claras e assimetria tinham um papel fundamental na composição da obra. Da França, onde assumiu sua feição mais típica e onde mais tarde foi reconhecido como patrimônio nacional, o Rococó logo se difundiu pela Europa, mas alterando significativamente seus propósitos e mantendo do modelo francês apenas a forma externa, com importantes centros de cultivo na Alemanha, Inglaterra, Áustria e Itália, com alguma representação também em outros locais, como a Península Ibérica, os países eslavos e nórdicos, chegando até mesmo às Américas.[6][7][8]
História
O rococó é um movimento artístico europeu, que aparece primeiramente na França, entre o barroco e o Arcadismo. Visto por muitos como a variação "profana" do barroco, surge a partir do momento em que o Barroco se liberta da temática religiosa e começa a incidir-se na arquitetura de palácios civis, por exemplo. Literalmente, o rococó é o barroco levado ao exagero de decoração.
A expressão "época das Luzes" é, talvez, a que mais frequentemente se associa ao século XVIII. Século de paz relativa na Europa, marcado pela Revolução Americana em 1776 e pela Revolução Francesa em 1789. No âmbito da história das formas e expressões artísticas, o Século das Luzes começou ainda sob o signo do Barroco. Quando terminou, a gramática estilística do Neoclassicismo dominava a criação dos artistas. Entre ambos, existiu o Rococó. Na ourivesaria, no mobiliário, na pintura ou na decoração dos interiores dos hotéis parisienses da aristocracia, encontram-se os elementos que caracterizam o Rococó: as linhas curvas, delicadas e fluídas, as cores suaves, o caráter lúdico e mundano dos retratos e das festas galantes, em que os pintores representaram os costumes e as atitudes de uma sociedade em busca da felicidade, da alegria de viver, dos prazeres sensuais.
O Rococó é também conhecido como o "estilo da luz" devido aos seus edifícios com amplas aberturas e sua relação com o século XVIII.
Em Portugal aparece na numismática a cerca de 1726 e prolongou-se até 1790 nos principais domínios artísticos. Na corte e no Sul do país desaparece mais cedo, dando lugar ao neoclassicismo. É nas províncias do Norte, particularmente Noroeste, que se encontra a versão mais original do património artístico rococó metropolitano, graças à talha dourada de formas «gordas» de certas igrejas do Porto, Braga, Guimarães, etc., executada por notáveis artistas na segunda metade do século XVIII (Fr. José de Santo António Vilaça, Francisco Pereira Campanhã, etc.) e na escultura ganítica, que decora numerosos edifícios religiosos e profanos na área: igreja da Ordem Terceira do Carmo (1758-68) por José Figueiredo Seixas, Capela do Terço (1756-75); em Viana do Castelo, a capela dos Malheiros Reimões, etc.
O Rococó possui as seguintes características, que o Barroco não possui:
O abandono parcial da simetria, sendo tudo composto por linhas e curvas graciosas, à semelhança da Art Nouveau;
A enorme quantidade de curvas assimétricas e volutas em forma de C;
A ampla utilização de flores na ornamentação, sendo um exemplo os festões feitos de flores; às vezes usando motivos do Leste Asiático (Chinoiserie, Japonisme);
Suavidade e luminosidade das cores, com cores pastel quentes[9] (amarelo esbranquiçado, creme, cinza pérola, azul muito claro);[10]
Leveza dos traços;
Busca pelo refinado e exótico;
Design elegante;
Paisagens e representações da natureza pintadas nos tetos;
Formatos ovais;
Portas e janelas maiores com arcos;
Menores proporções;
Uso do ferro forjado em grades para varandas, lagos, portas e jardins;
Salão principal como centro das dependências;
Utilização de materiais que imitam mármores; paredes claras.
Arte rococó
Música do período rococó
O estilo de música utilizada no rococó é de difícil definição.
Na arquitetura, o estilo rococó é reconhecido pelas linhas curvas e pela abundância de decorações (cabeças esculpidas na fachada). As habitações deste estilo possuem mezanino (como todos os edifícios até o século XIX), pequenas varandas arredondadas com mísulas e grades de ferro forjado. Notamos também a diminuição da altura dos pisos, sendo que o 1.º (ou 2.º) piso é um piso nobre.
A palavra "rococó" não deve ser usada no contexto da evolução dos estilos franceses nas artes decorativas. No máximo pode ser ligado ao estilo rocaille (1730-1745), embora os dois estilos não abranjam exatamente a mesma noção, o estilo rococó pontuando uma certa exuberância com superfícies lisas e amplas caracterizada por uma forma de vazio ornamental. O rocaille, na França, é um sub-estilo de Luís XV, vindo da Regência e seguido pelo rocaille simetrizado (de 1745). A sua vida útil é particularmente curta. O rocaille simetrizado classicizante (por volta de 1755) é uma evolução final ao lado do gosto grego. O Rococó, por sua vez, ainda estava muito presente na Itália, ou na esfera germânica na década de 1780.[11]
O Rococó nasceu na corte de Luís XIV, aparecendo pela primeira vez em alguns salões de Versalhes. O Rococó foi revivido em alguns palácios parisienses como o Hôtel de Soubise, e mais tarde irradiou-se por toda a Europa.[12]
Uma das características do estilo Rococó é a marcante diferença entre exteriores e interiores. O interior é um lugar de fantasia e cor, enquanto a fachada se caracteriza pela simplicidade. As ordens clássicas são abandonadas e as fachadas dos edifícios distinguem-se por serem planas, quase sem molduras para separar pisos ou emoldurar portas e janelas.
A forma dominante nos edifícios rococó era a circular. O pavilhão central, geralmente entre duas alas baixas e curvas e, sempre que possível, rodeado por um jardim ou imerso num parque natural. Outros edifícios poderiam assumir a forma de pavilhões encadeados, em oposição ao típico edifício em "bloco" típico da fase anterior.
Em todos os casos, o aspecto mais notável dos interiores rococó é a disposição interna. Os edifícios possuem salas especializadas para cada função e um layout confortável. Os quartos são concebidos como um conjunto que, com marcada funcionalidade, combina ornamentação, cores e mobiliário.
O estilo era altamente teatral, projetado para impressionar e surpeeender à primeira vista. As plantas baixas das igrejas eram muitas vezes complexas, apresentando formas ovais entrelaçadas; Nos palácios, as grandes escadarias tornaram-se peças centrais e ofereciam diferentes pontos de vista da decoração.[2] Os principais ornamentos do Rococó são: conchas assimétricas, acantos e outras folhas, pássaros, buquês de flores, frutas, instrumentos musicais, anjos e Chinoiserie (pagodes, dragões, macacos, flores bizarras e chineses).[13]
Na decoração de interiores, o Rococó suprime as divisões arquitetônicas de arquitrave, frisos e cornijas, para o pitoresco, o curioso e o caprichoso, feito em materiais plásticos como madeira entalhada, estuque e quadratura. Paredes, tetos, móveis e objetos de metal e porcelana misturam-se num todo homogéneo. Os tons rococó são tons pastéis muito mais claros do que as cores vivas do barroco.
Na Inglaterra, uma das pinturas Marriage à la Mode de William Hogarth, pintada em 1745, mostra um conjunto de salas dum palácio londrino, onde o estilo rococó é encontrado apenas no gesso e no teto. Uma infinidade de vasos chineses é então produzida nos quais os mandarins (dignitários imperiais chineses) são satiricamente retratados como pequenas monstruosidades.
Devido ao grande desenvolvimento decorativo, a escultura ganha importância. Os escultores do rococó abandonam totalmente as linhas do barroco.As suas esculturas são de tamanho menor. Embora usem o mármore, preferem o gesso e a madeira, que aceitam cores mais suaves. Os motivos são escolhidos em função da decoração. Até artistas famosos, principalmente ligados a manufactura de Sèvres apressam-se a preparar, desenhos e modelos. Em função de lembrança, do souvenir, os pequenos grupos representam cenas de gênero e narram, com linguagem espontânea e cores luminosas, episódios galantes, brincadeiras e jogos infantis.
A pintura do Rococó divide-se em dois campos nitidamente diferenciados. Um deles forma um documento visual intimista e despreocupado do modo de vida e da concepção de mundo das elites europeias do século XVIII, e o outro, adaptando elementos constituintes do estilo à decoração monumental de igrejas e palácios, serviu como meio de glorificação da fé e do poder civil.
Apesar de seu valor como obra de arte autônoma, a pintura rococó era concebida muitas vezes como parte integrante de uma concepção global de decoração de interiores.[15] Começou a ser criticada a partir de meados do século XVIII, com a ascensão dos ideais iluministas, neoclássicos e burgueses, sobrevivendo até a Revolução Francesa, quando então caiu em descrédito completo, acusada de superficial, frívola, imoral e puramente decorativa.[16] A partir da década de 1830, voltou a ser reconhecida como testemunho importante de uma determinada fase da cultura europeia e do estilo de vida de um estrato social específico, e como um bem valioso por seu mérito artístico único e próprio, onde se levantam questões sobre estética que floresceriam mais tarde e se tornariam centrais para a arte moderna.[17][18]
O estilo Luís XV se desenvolve a partir de França durante o reinado de Luís XV, entre aproximadamente 1730 e 1750-60 (não englobando todo o período do reinado até 1774). Este estilo é influenciado pelas linhas fluidas e graciosas do rococó e pelo seu repertório de motivos ornamentais, situando-se entre o estilo regência, onde já dá os primeiros passos, e o estilo Luís XVI, que se caracteriza por uma maior rigidez e austeridade. É considerado um dos estilos estéticos franceses de maior impacto, sendo, por isso, alvo dos mais diversos revivalismos ao longo do tempo.
↑Bill G B Pallot (1987). L'Art du siège au Predefinição:S- em França. París: [s.n.] e Svend Eriksen (1968). Neoclassicismo em França (em inglês). [S.l.: s.n.]
↑Spiriti Andrea, Il primo e il secondo rococò: arte e spazio, Comunicazioni sociali. MAG. AGO., 2006 (Milano: Vita e Pensiero, 2006).
↑ZAGALA, Stephen. Aesthetics: a place I've never seen. In MASSUMI, Brian (ed). A shock to thought: expression after Deleuze and Guattari. Routledge, 2002. p. 34
↑PLAX, Julie-Anne Interpreting Watteau across the Centuries. In SHERIFF, Mary (ed). Antoine Watteau: Perspectives on the Artist and the Culture of his Time. University of Delaware Press, 2006. pp. 34-35