The Girlie Show
The Girlie Show foi a quarta turnê da cantora estadunidense Madonna, feita em suporte ao seu quinto álbum de estúdio Erotica (1992). A excursão percorreu arenas e estádios pela Europa, América do Norte, América do Sul, Oceânia e Ásia ao longo de 39 concertos, começando em 25 de setembro de 1993 no Wembley Stadium em Londres, Inglaterra, e encerrando-se em 19 de dezembro do mesmo ano no Tokyo Dome em Tóquio, Japão. Em outubro de 1992, a cantora lançou simultaneamente o disco, Erotica, e o livro Sex. O material supracitado teve um desempenho comercial inferior aos trabalhos anteriores da artista, enquanto o último se tornou um sucesso comercial, mesmo com a recepção negativa da crítica e do público. Após o fracasso comercial e crítico do filme de suspense erótico Body of Evidence, estrelado por Madonna, a mesma anunciou sua nova turnê em julho de 1993. Alguns críticos especializados sugeriram que tal anúncio poderia ser uma tentativa de Madonna de "revitalizar" após o lançamento do longa-metragem. A excursão teve como foco regiões que a cantora ainda não havia visitado, como Turquia, Israel, México, Porto Rico, Argentina, Brasil e Austrália. Christopher Ciccone, que já havia trabalhado com sua irmã na Blond Ambition World Tour, foi convidado para ser o diretor da nova digressão. Os espetáculos foram divididos em quatro segmentos temáticos: Dominatrix, Studio 54, Weimar Cabaret e um bis. A turnê foi recebida com análises positivas de críticos de música e entretenimento, destacando que, apesar das controvérsias envolvendo a cantora, a mesma continuava a conquistar seu público. Foi bem sucedida comercialmente, arrecadando US$ 62,7 milhões. Diversas organizações em vários países protestaram contra a turnê, tentando impedir a realização dos concertos devido ao seu conteúdo sexual explícito. Durante o espetáculo em Porto Rico, Madonna esfregou a bandeira da nação entre as pernas, causando indignação na sociedade local. Alguns concertos foram gravados e transmitidos, incluindo o de Sydney, realizado em 19 de novembro de 1993, que foi transmitido ao vivo na HBO e seguidamente lançado oficialmente como The Girlie Show: Live Down Under. Similarmente, os espetáculos em Fukuoka, no Japão, foram exibidos exclusivamente na televisão japonesa. AntecedentesEm outubro de 1992, Madonna lançou simultaneamente seu quinto álbum de estúdio, Erotica, e o livro Sex. Com imagens sexualmente explícitas fotografadas por Steven Meisel, o material supracitado se tornou um sucesso comercial, mesmo com a recepção negativa da crítica e do público.[1][2] A controvérsia gerada acabou por ofuscar Erotica, que apesar das críticas favoráveis, teve um desempenho comercial inferior aos trabalhos anteriores da artista.[2][3] Madonna, então, continuou a ousar ao atuar no filme de suspense erótico Body of Evidence, de 1993, que apresentava cenas de sadomasoquismo e bondage. Contudo, o longa-metragem foi um fracasso tanto de crítica quanto de bilheteria.[4] Em 9 de julho de 1993, o The Philadelphia Inquirer divulgou que a cantora daria início a The Girlie Show, sua nova turnê.[5] Alguns críticos especializados sugeriram que tal anúncio poderia ser uma tentativa de Madonna de "revitalizar" sua carreira após Body of Evidence.[5] Segundo a artista, a turnê foi inspirada na pintura Girlie Show (1941), do pintor estadunidense Edward Hopper, que retrata uma dançarina burlesca.[6] Inicialmente, a turnê seria iniciada no Wembley Stadium, em Londres, em 25 de setembro de 1993.[7] Madonna afirmou que "não estava interessada em pregar para convertidos" e, por isso, escolheu iniciar a The Girlie Show em Londres; "Vou para os lugares onde tenho mais inimigos", explicou.[7] Originalmente, a digressão não incluiria os Estados Unidos, com foco em regiões que a cantora ainda não havia visitado, como Turquia, Israel, México, Porto Rico, Argentina, Brasil e Austrália. Por motivo da alta demanda, seis concertos foram agendados em determinadas cidades dos EUA. Um concerto no Estádio dos Trabalhadores de Pequim também foi cogitado.[8] A Agência Oficial de Notícias da China noticiou que Madonna teria permissão para se apresentar, desde que o espetáculo não incluísse nenhuma "indecência". A artista teria concordado, já que estava interessada em visitar o país, mas a apresentação acabou não ocorrendo.[9] Um EP, intitulado The Girlie Show, contendo todos os seis singles de Erotica, foi lançado promocionalmente no Brasil em comemoração a visita da cantora.[10] Semelhantemente, edições limitadas de Erotica e The Immaculate Collection (1990) foram lançadas com exclusividade na Austrália.[11][12] O livro de fotos oficial da turnê foi lançado em novembro de 1994, tal material veio acompanhado de um CD com três faixas ao vivo: "Like a Virgin", "In This Life" e "Why's It So Hard". No livro, Madonna afirmou:
DesenvolvimentoNo início de 1993, Madonna convidou seu irmão Christopher Ciccone, com quem já havia trabalhado na Blond Ambition, para ser o diretor da nova turnê. Além da direção, Ciccone também ficou responsável por supervisionar a equipe, os dançarinos e a projeção dos cenários.[14] As audições para dançarinos ocorreram em Los Angeles, onde era requisitado "pessoas andróginas de cabelos curtos".[15] Sobre o processo de seleção, a cantora afirmou:
Madonna e Ciccone escolheram trabalhar com cinco coreógrafos diferentes, incluindo o ator estadunidense Gene Kelly, que foi escolhido para coreografar a apresentação de "Rain".[17] No entanto, Kelly se sentia desconfortável com os dançarinos, acreditando que foram escolhidos pela personalidade. Além de não gostar dos "tons sexuais" da turnê, segundo Ciccone, que seguidamente convenceu a cantora a demitir Kelly. Madonna, "sentindo-se envergonhada por ter ocasionado um destino tão terrível para este venerável ícone estadunidense", concordou com a decisão.[17] Então, Alex Magno foi designado como um dos principais coreógrafos da The Girlie Show.[18] Madonna e seu irmão escolheram o "circo burlesco" como tema principal da digressão. Para se inspirarem, assistiram a filmes de Bollywood, danças tailandesas, Trapeze (1956), de Carol Reed, e também aos trabalhos de Marlene Dietrich, Louise Brooks, Erté e Zizi Jeanmaire.[17] Assim como a Blond Ambition, a The Girlie Show foi estruturada em quatro blocos temáticos: Dominatrix, Studio 54, Weimar Cabaret e um bis.[19] Os figurinos foram criados pelos estilistas italianos Dolce & Gabbana, que, a pedido de Madonna, assistiram a filmes como My Fair Lady (1964) e Cabaret (1972).[20] Foram criadas 1,500 peças de vestuário para a equipe da turnê, incluindo botas, sutiãs de lantejoulas, vestidos, regatas brancas e shorts jeans.[21] Domenico Dolce comentou que ele e Madonna compartilhavam uma visão felliniana do circo, mas também gostavam dos glamourosos figurinos dos filmes da década de 1950. A dupla argumento que o maior desafio ao trabalhar com a cantora foi atingir a "perfeição".[22] Os designers refaziam os itens que se danificavam: "De vez em quando faltavam shorts e outras coisas. Seguimos a turnê e assessoramos Madonna, mesmo estando sempre em Milão", explicaram.[23] A estrutura da turnê foi mais elaborada que a das anteriores de Madonna,com um palco que se estendia até o público e dois elevadores hidráulicos conectando o subsolo a plataformas elevadas.[18][24] Acima do palco, havia um letreiro com o nome da digressão e, nas laterais, desenhos do rosto de Madonna.[25][26] Para transportar a estrutura dos concertos durante a Europa, foram necessárias duas aeronaves e era necessário quatro dias e 100 funcionários para sua montagem.[27][28] Durante o especial Girlie Talk, da MTV Austrália, Madonna comentou sobre ter cortado o cabelo antes da excursão: "Meu cabelo era rosa choque, quando estava na cor vermelho-rosado estive igual a Píppi Meialonga. Depois, pintei de várias cores, mas quando tentei voltar ao loiro, começou a quebrar, então acabei cortando, sem me importar se gostava ou não. Para a turnê, queria algo mais simples. Depois de cortar o cabelo dos dançarinos, pensei em deixá-lo escuro como no videoclipe de "Rain", mas não queria que todos tivessem a mesma tonalidade. Então, acabei encurtando e mantendo essa cor".[29] Sinopse do concertoO concerto é dividido em cinco segmentos distintos: Dominatrix, Studio 54, Weimar Cabaret e um bis. Sendo iniciado com uma introdução de "The Girlie Show Theme", é seguido por uma dançarina em um pole com seios à mostra. Então, Madonna caracterizada com trajes de uma dominadora, executa "Erotica".[18][30][31] O número seguinte, "Fever", é interpretado ao lado de dois dançarinos seminus e ao final da apresentação desapareceram em um círculo de chamas.[31] "Vogue" é apresentado logo depois, com temática tailandesa.[32] Em "Rain", Madonna é acompanhada pelas vocalistas de apoio, Niki Haris e Donna De Lory, que usam túnicas transparentes e executam o número sentadas em cadeiras no centro do palco.[33] O segmento é finalizado com uma coreografia inspirada no filme Singin' in the Rain (1952), a qual os dançarinos dançam com guarda-chuvas.[34] A segunda seção, Studio 54, é iniciada com a frase "eu vou te levar a um lugar onde nunca esteve"; e antes de cantar "Express Yourself", a intérprete aparece em um globo espelhado com uma peruca afro de cor loira e trajes da década de 1970, sendo novamente acompanhada por Haris e De Lory.[30][35] Com o final de tal apresentação, "Deeper and Deeper" é executado em seguida.[36] Em "Why's It So Hard", Madonna e seus dançarinos encenam uma orgia, enquanto em "In This Life" centra-se sozinha no palco, sob uma iluminação suave.[31] O bloco se encerra com o interlúdio "The Beast Within", na qual dois dançarinos em figurinos inspirados em criaturas míticas, executam uma coreografia com conotações sexuais.[36][37] O terceiro ato, Weimar Cabaret, é iniciado com Madonna cantando "Like a Virgin" com um forte sotaque alemão, pronunciando a palavra "virgin" como "wurgin", e com trajes semelhantes ao de Marlene Dietrich.[37][38][39] O número seguinte, "Bye Bye Baby" é inspirada no burlesco e no cabaré; na qual a intérprete é acompanhada por suas coristas e três dançarinas asiático-americanas, vestidas de forma provocante, em um cenário que remete a um bordel.[40] Em "I'm Going Bananas", a atmosfera festiva e caótica predomina o número.[37] Para "La Isla Bonita", Madonna se apresenta ao lado de um musicista tocando violão, com um figurino inspirado na cultura latina, adornado com detalhes brilhantes e outros acessórios.[31][36] Durante a canção que antecede o bis, "Holiday", a cantora e seus dançarinos vestem gabardinas azuis e interagem com o público ao longo da apresentação.[37][41] Continuamente, em "Justify My Love", Madonna executa uma coreografia sensual e envolvente se movendo de maneira fluida e expressiva; segue-se então um mashup das canções "Everybody Is a Star", da banda estadunidense Sly & the Family Stone, e "Everybody", em ambos o figurino da artista é composto por uma camisa amarela e short jeans.[36][37] Ao final do concerto, Madonna surge vestida de Pierrot e declara ao público: "todo mundo é uma estrela", momentos antes das cortinas caírem por uma última vez.[31] Análise da críticaA turnê obteve análises positivas de críticos musicais. O autor de Madonna: An Intimate Biography, J. Randy Taraborrelli escreveu que: "Embora ainda tivesse alguma sensualidade, era mais de uma inocência burlesca do que uma tentativa ruidosa de chocar [...] esse espetáculo tinha o espírito vigoroso de um Barnum & Bailey Show", e ainda destacou o lado "mais suave" da cantora.[42] De maneira similar, Gar Graff, do Detroit Free Press, acrescentou que a turnê apresentou uma perspectiva subjetiva de Madonna, elogiando a "teatralidade e sofisticação bem estruturada".[43] Thom Duffy, escrevendo para a revista Billboard, disse que excursão transcendeu o seu "hype erótico e lúdico". Ressaltando o "senso de humor e burlesco" ausente na Blond Ambition, concluindo que, apesar da controvérsia, Madonna continuava a "confundir e excitar seu público".[44] Richard Corliss, da Time, descreveu a cantora como "a maior exibicionista do mundo".[45] Em resenha ao concerto realizado no dia 25 de setembro, no Wembley Stadium em Londres, Paul Taylor opinou que a "apresentação, com palmadas, palavrões e alusões sugestivas ao sexo oral e ao tamanho do pênis de um dançarino, claramente encantou a maioria dos fãs".[46] Também sobre a noite de abertura, Tyler Brule, do Entertainment Weekly, acrescentou que "Madonna pode ter perdido um pouco de seu brilho recentemente, mas, com o início da The Girlie Show, conseguiu reafirmou seu domínio em criar espetáculos e gerar lucros".[27] Na publicação ao Daily Express, Frances Hubbard registrou: "Madonna é menos cativante quando se mostra pretensiosa", e que, "mesmo em declínio, a lendária estrela do pop continuará influente por muito tempo".[47] Outra avaliação elogiosa veio do The New York Times, com o revisor Jon Pareles considerando que "diferente da Blond Ambition, de 1990, a The Girlie Show não tenta ser tão controversa". Também elogiou os vocais ao vivo de Madonna, concluindo que "após ser um símbolo sexual inacessível, voltou a ser mais acessível e carismática".[37] O crítico Jeff Kaye concluiu que, "apesar dos trajes ousados, nada no espetáculo foi realmente chocante", e a "sensação predominante era de que a plateia já tinha visto e ouvido tudo antes".[30] Contrariamente, a imprensa britânica adotou o que Kaye descreveu como uma "postura mesquinha" contra Madonna e a turnê. Quando a cantora chegou a Londres, uma revista britânica se declarou "anti-Madonna", recusando-se a publicar ou exibir fotos dos concertos.[27][30] Bruce Elder, contribuinte do The Sydney Morning Herald, foi bem menos positivo em sua resenha, destacando que o concerto parecia "mais um evento social do que um grande espetáculo", e questionou se Madonna estava celebrando a liberação sexual ou explorando temas em nome do capitalismo. Notou também uma "frieza" nos números do repertório e apontou falhas que o impediram de ser memorável.[48] O jornalista Tom Shales, em sua matéria ao jornal The Washington Post, concordou com o escritor e afirmou que "as tentativas da artista de chocar e instigar se tornaram autoparódias [...] a 'Girlie Show' é tosca, não chocante".[49] A The Girlie Show ainda foi incluída na lista das melhores excursões de Madonna por Gina Vivinetto, do The Advocate, e Christopher Rosa, do VH1, classificando-se entre a quarta e quinta posição, respectivamente.[24][50] De maneira similar, também figurou no ranking da Billboard, com a redator destacando os ótimos vocais ao vivo da cantora e o desempenho da sua banda.[51] Além disso, a excursão foi indicada ao troféu de "Produção Mais Criativa de Cenário" no Pollstar Awards em 1993.[52] Recepção comercialA turnê foi um êxito com o público europeu; em Londres, 15 mil ingressos foram vendidos em duas horas, e o concerto de abertura teve um público de 72 mil espectadores.[30][53] O espetáculo realizado em Tel Aviv atraiu 50 mil pessoas.[54] Os três concertos no Madison Square Garden, em Nova Iorque, arrecadaram US$ 2,02 milhões, e as três apresentações na Cidade do México, registraram US$ 8,9 milhões; os ingressos eram vendidos entorno de 28–125 dólares.[55][56] Em Buenos Aires, Madonna se apresentou para 120 mil pessoas.[57] No Brasil, a cantora registrou recordes de público ao se apresentar para 86 mil espectadores em São Paulo e 120 mil no Rio de Janeiro. Tornando-se o segundo maior espetáculo de público pagante por uma solista no Estádio do Maracanã, ficando atrás de Tina Turner com a turnê Break Every Rule World Tour (que em 1988, atraiu 188 mil espectadores).[58][59] Na Austrália, 360 mil ingressos foram vendidos em tempo recorde; as 52 mil entradas para o primeiro concerto em Sydney foram esgotados em 1 hora e 20 minutos.[60] O concerto único em Adelaide Oval atraiu cerca de 40 mil pessoas, ficando entre os dez mais assistidos no local.[61][62] Os espetáculos em Melbourne e Sydney, atraíram 147,241 e 135,000 pessoas, respectivamente.[63][64] A Billboard divulgou que os oito concertos em território australiano arrecadaram mais de US$ 18,5 milhões.[65] Após a conclusão, foi divulgado que a The Girlie Show arrecadou um total de US$ 70 milhões em suas 39 apresentações.[31] ControvérsiasAssim como nas turnês anteriores, a The Girlie Show também foi alvo de controvérsia. O concerto planejado em Frankfurt foi criticado por um político alemão, que afirmou que "excedia os limites da decência" e deveria ser proibido para menores de 16 anos.[66] Norbert Geis, da União Social-Cristã (CSU), advertiu que Madonna deveria abdicar das "obscenidades" ou não poderia se apresentar. Então, o espetáculo foi cancelado, com os organizadores alegando "problemas técnicos".[66] Em Israel, judeus ortodoxos tentaram impedir a apresentação da cantora no país; Avraham Ravitz, do Partido Judaico da Torá, declarou: "Esta é uma terra sagrada [...] pessoas de todo o mundo não vieram para cá para assistir a esse lixo humano".[60] No entanto, os protestos foram infrutíferos, e o concerto com ingressos esgotados aconteceu conforme o planejado.[38] Em Porto Rico, grupos católicos ansiaram a favor do cancelamento da apresentação, temendo a influência de Madonna sobre os adolescentes.[67] Durante o espetáculo, a cantora segurou a bandeira do país e a esfregou entre as pernas, levando o governador Pedro Rosselló e líderes locais a pedirem ao público que a repudiasse.[68][69] O deputado David Noriega citou a "vulgaridade e insensibilidade" da mesma, acusando-a de abusar da hospitalidade do país.[69] Luis de Rosa, presidente da Câmara de Comércio Porto-riquenha do Sul da Flórida, criticou Madonna por "passar a bandeira pelas partes íntimas" em sua terra natal.[70] Na Argentina, líderes religiosos como o cardeal Antonio Quarracino, referiu-se a cantora como "blasfêmica e pornográfica", e o bispo Osvaldo Musto solicitou o cancelamento de seus concertos. Alexander Molinas entrou com um processo judicial para cancelar os espetáculos, tendo a solicitação negada, embora tenha sido determinado que menores de 13 anos deveriam ser acompanhados por adultos.[57] No México, uma organização antiaborto pediu ao Ministério do Interior que negasse a entrada de Madonna no país, mas o pedido foi rejeitado. O presidente da Pro Life, Jorge Serrano Limón, acusou a cantora de zombar do povo católico e afirmou que os espectadores dos espetáculos não tinham "o direito de zombar das crenças religiosas e morais dos católicos ou dos valores patrióticos dos mexicanos".[69] O comunicólogo Nino Canún apresentou o especial televisivo ¿Y usted qué opina?, onde o público, incluindo um padre, argumentaram por que Madonna, "uma cantora moralmente sem noção", não deveria se apresentar no México.[71] Um funcionário do ministério afirmou que "quem gostar pode ir [ao concerto] e quem não gostar, que não vá".[69] Em resposta, a artista simulou um ato de masturbação utilizando um sombrero.[71] Ao chegar à Austrália, Madonna foi criticado por ganhar de Michael Gudinski, promotor da turnê, um didjeridu – instrumento tradicional dos aborígenes que segundo a cultura local, só pode ser tocado por homens.[72] O ancião aborígene Badangthun Munmunyarrun argumentou que, por ser ocidental, a cantora não deveria tê-lo ganhando.[73] Gudinski explicou que, na época, estava trabalhando com o Yothu Yindi e deu a Madonna o didgeridoo que havia ganhando da banda, com a intenção de recuperá-lo ou substituí-lo por um novo.[74] No entanto, em 2015, Madonna confirmou que ainda possuía o instrumento.[72] Gravações e transmissõesEm 6 de novembro de 1993, a revista Cashbox divulgou que um dos concertos no Sydney Cricket Ground seria transmitido na HBO em 20 de novembro. Madonna já havia trabalhado com o canal três anos antes, após o registro da Blond Ambition.[75] Inicialmente, a cantora desejava registrar os espetáculos realizados na Argentina ou no México, contudo optou pela Austrália, já que gostou do evento ser anunciado como "Madonna Down Under".[76] Em 13 de novembro de 1993, a Billboard informou que a estação de rádio Westwood One transmitiria simultaneamente o especial, que foi exibido oficialmente na HBO sob o título de Madonna Live Down Under: The Girlie Show.[18][77] De acordo com as estatísticas reveladas pelo serviço de mediação de audiências Nielsen Ratings, o especial foi visto por uma média de 17 milhões de telespectadores, tornando-se a segunda atração mais assistida do ano, atrás apenas da luta entre George Foreman e Tommy Morrison.[78][79] Em 26 de abril de 1994, o registro foi lançado em LaserDisc e VHS; conferindo à artista sua segunda nomeação ao Grammy Awards de Melhor Filme Musical.[80][81] Tal material alcançou a terceira e sétima colocação nas tabelas musicais Top Music Videos e Top Video Sales, copiladas pela Billboard, respectivamente.[82] Além do lançamento oficial, a estação radiofônica BBC Radio 1 transmitiu o concerto realizado em 26 de dezembro de 1993.[83] Similarmente, os espetáculos em Fukuoka, no Japão, foram exibidos exclusivamente na rede de canais NHK.[84] RepertórioEste é o repertório do concerto ocorrido em 19 de novembro de 1993 em Sydney, Austrália.[85][36] Bloco I: Dominatrix
Bloco II: Studio 54
Bloco III: Weimar Cabaret
Bloco IV: Bis
Datas
Cancelamentos
CréditosO processo de elaboração da turnê atribuem os seguintes créditos pessoais:[93]
Notas
Referências
Bibliografia
Ligações externas
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