Viagens apostólicas de João Paulo II foram inúmeras. Em todos os tempos foi o Papa que mais países visitou para levar a sua mensagem. Quebrou um costume secular dos Papas de não se deslocarem do Vaticano ou de fazê-lo pouquíssimas vezes apenas em circunstâncias especiais ou excepcionais.
Durante o seu pontificado, o papa João Paulo II viajou para 129 países,[1] contabilizando mais de 1,7 milhões de quilômetros viajados, percorridos de avião, carro, navio e ferry boat.[2] Ele consistentemente atraía grandes multidões em suas viagens, algumas contando entre as maiores já reunidas na história, como a do Jornada Mundial da Juventude de 1995, em Manila, nas Filipinas, que reuniu cerca de 5 milhões de pessoas, considerada uma das maiores reuniões de católicos já ocorrida.[3] Estima-se que em seu pontificado 400 milhões de pessoas o viram em Roma ou durante suas viagens e se reuniu com 738 chefes de Estado entre eles 246 primeiros-ministros recebidos em audiência.[2]
As primeiras visitas oficiais de João Paulo II foram para as Bahamas, República Dominicana e para o México (janeiro de 1979), e para a Polônia (junho de 1979), onde multidões o rodearam.[4][5] Esta primeira visita à Polônia serviu para elevar o espírito da nação e catalisou a formação do Movimento Solidariedade em 1980, que trouxe de volta a liberdade e os direitos humanos para a sua terra natal.[6]
Enquanto algumas de suas viagens (como a feita aos Estados Unidos e à Terra Santa) foram para lugares previamente visitados por Paulo VI, João Paulo II se tornou o primeiro papa a visitar a Casa Branca em sua viagem de outubro de 1979 aos Estados Unidos, onde foi recebido pelo presidente Jimmy Carter.[7]
Hoje, pela primeira vez na história, um bispo de Roma pisou em solo inglês. Esta bela terra, que já foi um entreposto distante do mundo pagão, se tornou, através da pregação do Evangelho, uma parte amada e abençoada do vinhedo cristão
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— Papa João Paulo II, em sua visita à Inglaterra em 1982[12].
João Paulo II foi o primeiro papa católico a visitar e rezar numa mesquitaislâmica, em Damasco, na Síria, em 2001. Visitou a Mesquita dos Omíadas, uma antiga igreja cristã onde se acredita estar enterrado São João Batista (que também é um profeta no Islã), onde fez um discurso pedindo aos cristãos, muçulmanos e judeus que trabalhassem juntos.[16][17]
Em setembro de 2001, dez dias depois dos ataques de 11 de setembro, ele viajou ao Cazaquistão, onde foi recebido por uma audiência majoritariamente muçulmana, e para a Armênia, para participar da celebração dos 1700 anos de cristianismo na nação.[20]
O papa João Paulo II esteve no Brasil quatro vezes, sendo três delas oficiais e uma delas, porém, permaneceu apenas no aeroporto, quando ia para a Argentina em 1982, onde fez um rápido discurso durante a escala de seu voo no Rio de Janeiro.[22] Na primeira, chegou ao meio-dia de 30 de junho de 1980, foi recebido pelo general João Batista Figueiredo,[22] percorreu treze cidades em apenas doze dias, percorrendo um total de 30 000 quilômetros. Durante 12 dias João Paulo II percorreu as cidades de Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Aparecida, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Belém, Teresina, Fortaleza, despedindo-se do Brasil em Manaus, no dia 11 de julho de 1980.[23][24]
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A Providência Divina foi mais uma vez bem generosa para com o Papa, reservando-lhe, depois de um mundo de alegrias, a alegria suplementar de vir concluir aqui, em Manaus, no coração do fabuloso Amazonas, o intenso programa desta visita pastoral.
Essa visita foi marcada pela expectativa dos brasileiros em receber pela primeira vez um Papa no país, pela beatificação do jesuíta espanhol José de Anchieta, fundador da cidade de São Paulo, e pela cerimônia de consagração e inauguração da nova Basílica de Aparecida[26]. O Papa ainda participou do X Congresso Eucarístico Nacional, realizado entre 30 de junho a 12 de julho de 1980, em Fortaleza, no Ceará.[22] Durante a visita, bancos e repartições públicas fecharam, teatros atrasaram os espetáculos e os esquemas rodoviários foram alterados. Essa foi uma das maiores movimentações populares já registradas no Brasil. Em pleno regime militar, defendeu a justiça social, liberdade sindical, reforma agrária, direitos humanos e educação sexual. Mas também condenou a Teologia da Libertação e o aborto.[24] Nessa época o papa já era considerado a pessoa viva mais popular do mundo, mesmo com pouco tempo de papado, isso graças em parte de suas viagens. Essa visita de João Paulo II foi uma das maiores movimentações populares já registradas no país.[24] Destacou-se, na primeira visita, a música "A bênção, João de Deus", composta para a ocasião por Péricles de Barros.[27]
A outra visita foi entre 12 e 21 de outubro de 1991, sendo recebido em Brasília pelo então presidente Fernando Collor de Mello, visitou a Irmã Dulce, em Salvador,[22] percorreu dez capitais (na ordem: Natal, São Luís, Brasília, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande, Florianópolis, Vitória, Maceió e Salvador[28]) e fez 31 pronunciamentos, beatificou Madre Paulina[29] e na ocasião para um público de 60 mil pessoas, o papa afirmou durante a homilia: "Soube ela converter todas as suas palavras e ações num contínuo ato de louvor a Deus. Sua conformidade com a vontade de Deus levou-a a uma constante renúncia de si mesma, não recusando qualquer sacrifício para cumprir os desígnios divinos". O Papa abordou a questão indígena, a reprovação do uso de anticoncepcionais, o problema da divisão de terras, a família e a condenação do divórcio. A visita também foi marcada pelo fato de um menino de rua de 12 anos, descalço e vestido humildemente, ter ultrapassado barreira de segurança, em Goiânia, e ter se jogado nos braços do Papa, que retribuiu o carinho com um longo abraço.[30]
Esteve também no Brasil entre 2 e 6 de outubro de 1997, foi recebido pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.[22] Nessa visita o Papa participou do II Encontro Mundial com as Famílias, realizado na cidade do Rio de Janeiro, ficando por quatro dias na cidade. Em seus discursos, João Paulo II condenou o divórcio, o aborto e os métodos contraceptivos. Ele abençoou o Rio de Janeiro aos pés do Cristo Redentor.[22] Em visita à cidade do Rio de Janeiro declarou: "Se Deus é brasileiro, o papa é carioca".[29]
Nas três visitas oficiais de João Paulo II ao Brasil, tanto o Vaticano como os Correios editaram selos comemorativos para homenagear a passagem do pontífice no país. Ao todo foram impressos oito selos pela Casa da Moeda do Brasil. Um deles em homenagem póstuma, em 2005.[22]
Além das viagens, também deixou mensagens ao bispos do Brasil, tais, como: "Não é possível compreender o homem a partir de uma visão econômica unilateral, e nem mesmo poderá ser definido de acordo com a divisão de classes.", disse aos bispos brasileiros em 26 de Novembro de 2002.[31]
Visitas a Portugal
João Paulo II visitou Portugal 3 vezes: em 1982, 1991 e 2000 foram visitas apostólicas[32] e em 1983 fez escala em Lisboa onde discursou.[33]
Maio de 1982
A primeira visita, de 12 a 15 de maio de 1982, ocorreu um ano após o atentado de que foi vítima em 13 de maio de 1981. No primeiro dia, João Paulo II sofreu uma nova tentativa de assassinato quando Juan María Fernández y Krohn o tentou esfaquear com uma baioneta, onde o papa acabou sendo ferido.[34][35][36] Nessa visita o Papa João Paulo II depositou a bala do atentado sofrido no ano anterior em plena Praça de São Pedro no altar de Nossa Senhora de Fátima. Ainda hoje a mesma bala se encontra na coroa de Nossa Senhora de Fátima no Santuário de Fátima.
No início da tarde de 15 de maio, depois de um grande atraso, por não poder viajar de helicóptero, celebrou uma Eucaristia no Santuário de Nossa Senhora do Sameiro, em Braga, e, à tarde, viajou de helicóptero até o Porto, onde presidiu uma missa celebrada junto à Câmara Municipal, na Avenida dos Aliados.[37] Para comemorar sua visita o CTT Correios de Portugal lançou uma emissão de selos intitulada "Visita de S.S. o Papa João Paulo II a Portugal de 12 a 15 de Maio de 1982".[33]
Março de 1983
Em 2 de março de 1983 fez uma escala em Lisboa, por volta da meia-noite, em viagem com destino a América Central e na ocasião uma multidão de pessoas o aguardava, sendo que o papa fez uma pequena homília invocando a sua "Fé e Devoção a Nossa Senhora de Fátima".[33]
A sua última visita, em que beatificou os pastorinhos de Fátima, Jacinta Marto e Francisco,[33] teve lugar em 12 e 13 de maio de 2000, em Fátima[41] e sobre eles disse o seguinte: "grande era, no pequeno Francisco, o desejo de reparar as ofensas dos pecadores, esforçando-se por ser bom e oferecendo sacrifícios e oração. E Jacinta sua irmã, quase dois anos mais nova que ele, vivia animada pelos mesmos sentimentos".[32] Nesta peregrinação, João Paulo II ofereceu a Nossa Senhora de Fátima o anel com o lema "Totus Tuus" que o cardeal Wyszyński lhe havia ofertado no início do seu pontificado.[42] Também teve a revelação do "Terceiro segredo de Fátima que estava relacionado com o atentado de João Paulo II. Para assinalar esta data os CTT Correios de Portugal fizeram uma emissão de selos intitulada "Visita a Portugal de Sua Santidade o Papa João Paulo II".[33]
A 13 de Maio, na Capelinha das Aparições, em Fátima, diante da imagem de Nossa Senhora, agradece à Virgem a ‘mão maternal que desviou a bala’ no atentado da Praça de São Pedro, e recita o Acto de Consagração do Mundo ao Coração Imaculado de Maria. Na noite desse dia, quando se prepara para abençoar os milhares de peregrinos que enchem o Santuário, escapa a uma nova tentativa de atentado por parte do padre espanhol Krohn.
Intervenção junto ao Governo Argentino em busca da solução para a paz com o Reino Unido da Grã-Bretanha, por conta da disputa das Ilhas Malvinas. Após as visitas, ambos os países anunciaram a interrupção do conflito armado e iniciaram as tratativas de paz. Durante a viagem a Argentina, fez escala no Brasil, tendo, inclusive, falado aos brasileiros.
Varsóvia (Warszawa), Lublin, Tarnów, Cracóvia (Kraków), Estetino (Szczecin), Gdynia, Gdańsk, Częstochowa, Łódź, Varsóvia. * Santa Missa para as famílias em Estetino (Szczecin), 11 de junho de 1987: "O trabalho humano: não é um ponto fixo de referência de toda a sociedade, e em nesta sociedade - cada família?" (originalmente em polonês: "Praca ludzka: czyż nie jest ona stałym punktem odniesienia całego społeczeństwa, a w tym społeczeństwie - każdej rodziny?")[43]
No dia 23, na celebração litúrgica realizada na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, entrega aos bispos da América a Exortação Apostólica Ecclesia in América ("A Igreja na América").
Em Nova Deli, preside ao encerramento da Assembleia Especial para a Ásia do Sínodo dos Bispos. No dia 6, na Catedral do Sagrado Coração, assina a Exortação Apostólica Ecclesia in Asia ("A Igreja na Ásia").
↑Maxwell-Stuart, P.G. (2006). Chronicle of the Popes: Trying to Come Full Circle. Londres: Thames & Hudson. p. 234. ISBN978-0-500-28608-6 Verifique |isbn= (ajuda)|acessodata= requer |url= (ajuda)