Americanos de São Martinho do Porto Nota: Não confundir com o Caminho de Ferro do Pinhal de Leiria, igualmente situado na zona da Marinha Grande, em Portugal.
Os Americanos de São Martinho do Porto, oficialmente conhecidos como Caminho de Ferro Americano de Pedreanes a S. Martinho foram um sistema ferroviário ligeiro, utilizando veículos a tracção animal, que se localizava nos concelhos de Leiria e Alcobaça, em Portugal. DescriçãoEste caminho de ferro foi descrito na obra Banhos de Caldas e Águas Minerais de Ramalho Ortigão, como sendo do tipo americano, com veículos puxados por bois, e aproveitando o seu próprio peso para descer as encostas.[1] Utilizava originalmente carris de madeira.[1] HistóriaNa segunda metade do Século XIX, verificou-se um grande surto de desenvolvimento nos concelhos da zona Oeste de Portugal, devido ao aumento da procura das praias e das estâncias termais, e à expansão da produção agrícola e industrial.[2] O governo autorizou a construção de uma linha no sistema americano entre Leiria e São Martinho, para transportar a madeira desde o Pinhal de Leiria.[3] Em 26 de Setembro de 1862, foi noticiada no jornal O Leiriense a abertura do concurso para a exploração do serviço de tracção animal, tendo sido concluído ainda nesse ano.[1] Na Década de 1870, a firma Ellicot & Kessler propôs a instalação de um caminho de ferro de via estreita entre Torres Vedras e Sintra, tentativa que foi bloqueada pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, que receava a construção de uma via férrea paralela às suas Linhas do Norte e Leste.[1] A Companhia Real temia que caso esta linha fosse construída, outros concelhos do litoral, como as Caldas da Rainha e São Martinho do Porto, também pediriam a instalação dos caminhos de ferro, além que a linha americana que já existia poderia ser facilmente prolongada até Coimbra.[1] Em 8 de Setembro de 1877, o jornal Diario Illustrado noticiou que no dia 6 desse mês um comboio da Marinha Grande a São Martinho do Porto tinha sofrido um acidente perto da estação de Valado dos Frades, quando um passageiro atirou um fósforo para o chão do veículo, caindo em cima de um monte de pólvora, que explodiu, provocando ferimentos graves em dois passageiros.[4] Segundo o jornal, a pólvora iria ser utilizada numa pedreira, e estava guardada em cartuchos de papel, em condições de transporte proibidas pelos regulamentos.[4] Em 14 de Setembro, o jornal publicou uma carta do chefe do movimento daquele caminho de ferro, onde informou que o acidente tinha ocorrido numa carruagem mista de primeira e segunda classe, sendo a divisão de segunda utilizada para transporte de mercadorias.[5] Uma vez que naquele lado não viajavam quaiquer passageiros nem mercadorias consideradas combustíveis, decidiu-se transportar ali os cartuchos de pólvora, processo que não era proibido pelos regulamentos, que obrigavam apenas a tomar todas as medidas de segurança necessárias.[5] Durante a viagem, um passageiro que viajava em primeira classe deslocou-se para a divisão de segunda classe por estar demasiado calor naquele lado, e nessa altura também subiu para o comboio uma rapariga que estava a circular a pé ao lado da via férrea.[5] Ambos foram alertados pelo condutor da presença da pólvora, que cobriu com uma manta, regressando depois para a sua guarita.[5] Apesar dos avisos, o passageiro acendeu um fósforo para fumar, tendo-o depois lançado para o solo da carruagem, provocando a explosão.[5] Segundo um artigo publicado no Diario Popular de 12 de Novembro de 1884, e copiada pelo periódico espanhol Gaceta de Los Caminos de Hierro de 23 de Novembro desse ano, o traçado do caminho de ferro americano foi aproveitado para a construção do lanço entre São Martinho do Porto e Martingança da Linha do Oeste.[6] Uma vez que a nova estação da Marinha Grande ficava a cerca de 3 km da vila e a 4,5 km da estação de Pedreanes do caminho de ferro americano, aquele sistema poderia continuar a funcionar como ligação entre as duas estações.[6] O lanço entre São Martinho do Porto e a Marinha Grande foi inaugurado em 1 de Agosto de 1887, como parte do troço entre Torres Vedras e Leiria.[7] Ver tambémReferências
Bibliografia
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