Ramal da Figueira da Foz
O Ramal da Figueira da Foz, igualmente conhecido como Ramal de Pampilhosa, e originalmente como Linha da Beira Alta (em conjunto com o troço de Pampilhosa a Vilar Formoso), é uma ligação ferroviária desactivada, situada no centro-oeste de Portugal. Ligava a estação de Figueira da Foz (que é também término da Linha do Oeste) à estação de Pampilhosa, na intersecção da Linha do Norte com a Linha da Beira Alta, numa distância total de 50,4 quilómetros. Construída pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta, esta linha foi inaugurada em 3 de Agosto de 1882[1][2] e foi explorada por aquela companhia até 1947, ano em que a exploração foi transferida para a CP. Em 1992, este troço ferroviário foi destacado da Linha da Beira Alta e renomeado como Ramal da Figueira da Foz.[3] O tráfego no Ramal da Figueira da Foz foi suspenso em 5 de Janeiro de 2009, por motivos de segurança[4][5][6][7] e para a realização de obras de modernização.[8][9][10][11] No entanto, não foram concluídas quaisquer obras,[12][11][13] tendo o serviço rodoviário de substituição sido encerrado em 1 de Janeiro de 2012[14] e a remoção física da via sido iniciada em 2013.[15] CaracterizaçãoPercursoEste ramal apresenta cerca de 50 quilómetros de extensão, unindo a cidade de Figueira da Foz à Pampilhosa[4], onde se ligava às Linhas da Beira Alta e do Norte.[16][17] Passa pelos concelhos de Mealhada, Cantanhede, Montemor-o-Velho, e Figueira da Foz.[16] Obras de arteO Ramal apresenta várias obras de arte, como o Túnel de Alhadas.[16] Material circulanteDas automotoras que cumpriram serviço neste ramal, destacam-se a Série 0300, a Série 0350 e, em caso de avaria das mesmas, a Série 0450 dos Caminhos de Ferro Portugueses.[18] HistóriaPlaneamento, construção e inauguraçãoEm 3 de Agosto de 1878, foi assinado um contrato entre o Governo Português e a Société Financière de Paris, para a construção e exploração de uma ligação ferroviária entre Pampilhosa e Vilar Formoso, tendo sido formada a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta para este fim.[2] Já nesta altura, se ponderava continuar a Linha da Beira Alta da Pampilhosa até à cidade de Figueira da Foz, de forma a poder escoar os produtos daquela linha através do seu porto marítimo.[2] Porém, este plano entrava em conflito com as pretensões da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, que também estava a programar uma ligação à Figueira da Foz, como tinha sido estipulado num contrato de 14 de Setembro de 1859.[2] Ainda assim, foi aberto o concurso para o troço entre a Pampilhosa e a Figueira da Foz, tendo a Companhia da Beira Alta requerido apenas metade do subsídio governamental que tinha sido oferecido à Companhia Real, e, em 30 de Agosto de 1879, prescindiu totalmente dos apoios estatais.[2] Este projecto foi autorizado pela Junta Consultiva das Obras Públicas, tendo o contrato provisório sido assinado no dia 31 de Outubro.[2] Este documento foi apresentado às cortes em 19 de Janeiro de 1880 e imediatamente aprovado, tendo sido promulgado por uma lei de 31 de Março.[2] As obras deste ramal iniciaram-se oficialmente em 10 de Agosto desse ano.[1] A Companhia Real ainda apresentou uma reclamação, que foi indeferida pelo Tribunal Arbitral em 7 de Outubro do mesmo ano.[2] O primeiro lanço da Linha da Beira Alta, entre a Pampilhosa e Vilar Formoso, foi aberto à exploração em 1 de Julho de 1882, de forma provisória, enquanto que a ligação entre a Figueira da Foz e a Pampilhosa foi inaugurada oficialmente, junto com o troço já aberto, no dia 3 de Agosto do mesmo ano, sendo então considerada como parte da rede ferroviária da Beira Alta.[1][2] A cerimónia contou com a presença do rei D. Luís.[19] O ramal melhorou consideravelmente as relações da Figueira da Foz com as Beiras e Espanha, tendo contribuído decisivamente para o aumento das actividades turísticas na época balnear.[20] Facilitou igualmente o transporte de mercadorias de e até à Figueira da Foz, que até aí era realizado principalmente pelo Ramal de Alfarelos.[17] Com efeito, possibilitou uma maior penetração dos produtos daquela cidade, nomeadamente o sal, carvão, cal e peixe, em todo o país, especialmente nas Beiras, e em Espanha.[17] No entanto, entrou em concorrência com a cabotagem costeira,[17] tendo contribuído para o declínio do movimento marítimo.[21] Transição para a Companhia dos Caminhos de Ferro PortuguesesEm 2 de Maio de 1930, foi assinado um contrato de trespasse, que estipulava a transição da exploração e do material circulante da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta para a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses; no entanto, só em 28 de Fevereiro de 1946 é foi executada a escritura, para a transferência da exploração.[22] Século XXIEm 2007, esta ligação foi alvo de vários investimentos, nomeadamente num parque industrial junto à Pampilhosa, na supressão de passagens de nível, na Estação de Cantanhede, e no rebaixamento do Túnel de Alhadas.[16] Em 5 de Janeiro de 2009, o ramal foi totalmente encerrado ao tráfego ferroviário pela Rede Ferroviária Nacional por «motivos de segurança»,[4][5][6][7] devido principalmente à antiguidade dos carris utilizados em grande parte do percurso.[16] Em substituição dos serviços ferroviários, iniciaram-se várias carreiras de autocarros, que se mostraram mais apropriados às necessidades das populações dos que os comboios, cujos horários já não se adequavam à procura, nos últimos anos do ramal.[5] Previa-se que o investimento necessário para a remodelação do ramal seria de cerca de 35 milhões de Euros.[7] Ainda em inícios de 2010, autarcas da região exigiam já garantias que as obras e a reabertura teriam efetivamente lugar.[23] Iniciaram-se assim as obras de modernização, prevendo-se em 2009 que o ramal iria reabrir em 2011.[16] Porém, os trabalhos foram suspensos,[16] tendo o Bloco de Esquerda questionou o governo sobre os prazos de execução da obra em Janeiro de 2011.[4] Em Maio, um grupo de trabalho da Assembleia Municipal de Mealhada organizou um debate público, para promover a modernização e reabertura deste ramal, defendendo que traria um maior desenvolvimento económico à região, e beneficiaria as populações; por outro lado, o comboio também era utilizado para o acesso às praias, o que prejudicou o movimento durante a época balnear.[16] Em termos de movimento de mercadorias, argumentou-se que este eixo facilitaria o transporte de carga do Porto de Figueira da Foz para a Europa e o resto do país, seria essencial à então projectada plataforma logística rodo-ferroviária na Pampilhosa, uma vez que permitia o acesso ao porto,[16][5] e beneficiaria a área industrial de Cantanhede.[7] A requalificação e reabertura deste ramal também foi discutida em Setembro, numa reunião em Mira, que envolveu representantes do Partido Socialista, Partido Nacional Renovador, Partido Comunista Português, Bloco de Esquerda, e do PCTP/MRPP.[7] O Partido Nacional Renovador realizou, em 2011, uma campanha de sensibilização nas localidades anteriormente servidas por este caminho de ferro.[6] Em Dezembro do mesmo ano, a operadora Comboios de Portugal anunciou que, devido à suspensão do processo de reabertura desta ligação, iria terminar os serviços alternativos, por via rodoviária, a partir do dia 1 de Janeiro de 2012.[14] Em março de 2012 a quase totalidade do ramal («entre a Estação da Figueira da Foz e o km 48,470») foi removida formalmente, pela entidade reguladora, da rede em exploração.[24] Em Março de 2013, a Rede Ferroviária Nacional começou a levantar os carris e as travessas da via neste ramal, argumentando que esta era a melhor forma de proteger os seus activos, face às várias tentativas de roubo que foram feitas.[15] Ver tambémReferências
BibliografiaARROTEIA, Jorge Carvalho (1985). Figueira da Foz. A Cidade e o Mar. Coimbra: Ministério da Administração Interna - Comissão de Coordenação da Região Centro. 113 páginas Ligações externas
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