Fibroma cemento-ossificanteO fibroma-cemento ossificante (FCO) é uma neoplasia odontogênica benigna com origem no mesênquima odontogênico[1]. Desde 2017 o FCO deixou de ser agrupado com as lesões fibro-ósseas e passou a ser agrupado com os demais tumores odontogênicos, o que permanece na classificação mais atual das lesões odontogênicas de 2022 da OMS[1][2]. Sinais e sintomasO sinal clínico mais comum é a tumefação da área afetada, seguida de dificuldade na fala ou mastigação[3]. A maior parte dos casos é assintomática (sem presença de dor)[3]. O crescimento do tumor está associado a assimetria facial, expandindo a cortical óssea em ambos os lados (vestibular e lingual/palatal) de forma igual[3]. O FCO pode causar mobilidade dentária[3]. Ao exame intra-oral, a lesão possui uma textura firme e dura, sem mobilidade, normalmente com um formato esférico ou ovoide[3]. Formas mais agressivas, de crescimento exuberante, são chamadas de gigantiformes[3]. Aspectos radiográficos e histológicosRadiograficamente, o tumor é predominantemente radiopaco, de margens bem delimitadas, e circundado por uma fina linha radiolúcida (que representa a cápsula fibrosa que envolve a neoplasia e a separa do tecido normal)[3]. Existe uma minoria de casos que pode se apresentar de forma radiolúcida ou mista, com focos radiopacos, devido à imaturidade da lesão[3]. Outras características da lesão incluem[3]:
Histologicamente, o FCO é composto por fibras de colágeno entrelaçadas ou organizadas em cordões, circundadas por muitos fibroblastos e cementoblastos ativos[3]. Pode haver presença de material mineralizado cemento-like e até mesmo trabéculas ósseas ou osso lamelar[1][3]. CausasO FCO está relacionado a estímulo inflamatório, após algum traumatismo local[3]. Apesar disso, o fibroma cemento-ossificante também pode surgir como uma neoplasia do desenvolvimento, a partir de células da membrana periodontal, que são pluripotentes e podem dar origem a cemento, osso lamelar e tecido fibroso dadas as circunstâncias patológicas favoráveis[3]. EpidemiologiaO FCO é uma neoplasia rara, mais comumente encontrada em pacientes jovens e adultos, com predileção por mulheres e pela mandíbula (77% dos casos)[3]. DiagnósticoO diagnóstico do FCO requer a realização de exame anatomopatológico para afastar outras hipóteses diagnósticas[3]. Radiograficamente, o FCO pode se assemelhar a[3]:
Além da biópsia incisional, aferição dos níveis séricos de fosfatase alcalina pode afastar a possibilidade de osteossarcoma e doença de Paget[3]. Imuno-histoquímica raramente é realizada, mas sabe-se que o FCO reage positivamente a sulfato de queratano, e não reage intensamente a condroitina-4-sulfato como os fibromas ossificantes e displasias fibrosas[3]. Prognóstico e tratamentoO prognóstico da lesão é favorável, e a recidiva após remoção do FCO é rara, acontecendo mais frequentemente nos tumores maxilares (pela dificuldade na ressecção cirúrgica e tamanho médio maior ao diagnóstico)[3]. O tratamento de escolha é a ressecção cirúrgica total, sendo a curetagem uma técnica menos indicada[3]. Apesar disso, o acompanhamento a longo prazo é essencial para evitar a recidiva, pois a neoplasia pode recidivar até 10 anos após o tratamento inicial[3]. Não há evidências na literatura de transformação maligna do tumor nem registro de mutações oncogênicas[2][3]. Ver tambémReferências
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