Nhandevas Nota: "Chiripás" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Chiripá.
Nhandevas são um dos povos guaranis contemporâneos, que se autorreconhece como Avá Katú Eté. São conhecidos também pelas expressões Chiripá, Ava-Chiripá, Tsiripá e Apytare nos territórios em que habitam. Outros povos guaranis são os embiás, os caiouás, os avá-chiriguanos, os guaraios, os izozeños e os tapietés. Devido a proximidade de seus dialeto, nas classificações linguísticas tais povos são considerados subgrupos dentro de uma mesma grande etnia, os guaranis. HistóriaMuito tem se especulado sobre a trajetória dos nhandevas enquanto grupo étnico, antes e depois do estabelecimento das frentes coloniais. Algumas teorias apontam para a possibilidade deste grupo ser descendente dos carimas do século XVIII que por sua vez seriam descendentes de grupos dispersos de mbarakajus que no século XVI e início do XVII teriam se estabelecido junto a povoamentos coloniais e nas missões jesuíticas[1]. Outra teoria estabelece como marco fundacional histórico desta etnia a constituição das missões jesuíticas. Lá, a identidade nhandeva teria se estabelecido a partir da conjunção de diversas etnias diferentes que, uma vez reduzidas, teriam estabelecido contrastes identitários e relações de alteridade com os chamados "povos das florestas" (em castelhano: monteses) que, por sua vez, seriam os ancestrais dos grupos caiouás ao norte e embiás ao sul. Este período nas reduções explicaria uma série de características singulares dos nhandevas em comparação com os outros grupos que lhes lhes teria rendido a reputação de serem índios aculturados. Outra hipótese ainda afirma que todos os grupos guaranis atuais são consequência da reconfigurações identitárias ocasionadas pelo período colonial. Grupos distintos que, assumindo diferentes posturas - distanciamento, proximidade, predação etc. - ante os colonizadores, teriam enfatizado diferentes elementos de sua sociocosmologia, suprimindo outros. Os apapokuvaContatados em 1906 pelo antropólogo alemão Kurt Unkel na região do Araribá em meio a sua jornada em busca da terra sem males, o grupo Nhandeva, cuja autodenominação tribal era apapokuva (em Nhadeva-Guarani, "Arcos Longos") se tornaria um marco na história da etnologia guarani. Kurt foi aceito no grupo - e até mesmo rebatizado de Kurt Unkel Nimuendaju. Em As lendas da criação e destruição do mundo como fundamentos da religião dos Apapocuva-guarani, Kurt Nimuendaju foi o primeiro ocidental a registrar de forma aprofundada elementos importantes da cosmologia guarani, de suas narrativas lendárias da cosmogênese às profecias sobre cataclismo, assim como os relatos sobre a longa jornada empreendida por esse grupo, das selvas do Paraguai ao litoral do oceano Atlântico.
Tekoá Ocoí e a Represa de ItaipuUma das comunidades nhandevas que se tornou mais conhecida no Brasil é a do Ocoí, cujas terras foram inundadas em 1982 pela Hidrelétrica de Itaipu, sem a adequada compensação aos índios.[carece de fontes] Outro conjunto de seis aldeias, duas do norte do Paraná e quatro no estado de São Paulo, tem sido identificados, por suas peculiaridades, como Nhandeva-Guarani[3] NominaçõesExiste uma série de mal-entendidos que decorrem dos diversos sentidos em que a expressão nhandeva é empregada em diferentes regiões. Na região do Chaco, no Paraguai, a expressão está vinculada à língua tapiete, um dialeto específico relacionado à língua nhandeva, sendo utilizada também nesta região como uma denominação geral que abarca todos os grupos guaranis. Nhandeva é também uma expressão existente nos outros dialetos guaranis como o embiá e significa "nossa gente" ou "gente como a gente", dando conta de relações de parentesco e pertença étnica. No Mato Grosso do Sul, por oposição aos caiouás, os nhandevas são designados simplesmente como "guaranis". Localização contemporâneaExistem comunidades nhandevas por todo o leste do Paraguai na área delimitada pelo rio Paraná e os rios Acaray e Jejuí, e nos estados brasileiros do Mato Grosso do Sul, do Paraná, de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Tem como vizinhos os territórios embiás ao sul e caiouás ao norte. Na Argentina, é possível encontrá-los em pequenos grupos vivendo entre os embiás na província de Misiones. Bibliografia
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