Em eventos relacionados, a Academia realizou a sétima edição do Governors Awards no Grand Ballroom da Hollywood and Highland Center em 14 de novembro de 2015, quando foram entregues os prêmios honorários. Em 13 de fevereiro de 2016, em uma cerimônia no Beverly Wilshire Hotel, em Beverly Hills, o Oscar Científico ou Técnico foi apresentado por Olivia Munn e Jason Segel.[5]
Devido à baixa audiência obtida pela cerimônia do Oscar 2015, os produtores Craig Zadan e Neil Meron que estavam três anos como produtores do Oscar, não retornaram aos cargos na 88.ª edição do prêmio.[21] Para seus lugares, foram contratados David Hill e Reginald Hudlin em setembro de 2015 pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS).[22] "Estamos muito satisfeitos por ter essa talentosa equipe a bordo", disse a presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, em um comunicado de imprensa anunciando a decisão, "Hill é um verdadeiro inovador com personalidade dinâmica. Sua vasta experiência como produtor de eventos ao vivo, juntamente com sua energia, criatividade e o talento mútuo de Reginald como cineasta, certamente tornarão a transmissão deste ano inesquecível".[23][24][25][26] Pouco depois da edição anterior, o ator Neil Patrick Harris anunciou que não seria o anfitrião do Oscar pelo segundo ano. Em uma entrevista para o The Huffington Post, ele disse: "não sei se a minha família, nem a minha alma, poderiam aceitar. Foi divertido estar a frente da apresentação, mas o tempo gasto e o esforço para a organização do evento foi exaustiva... não sei se é uma boa ideia repetir a experiência consecutivamente".[27]
Com o desinteresse de Patrick Harris, em outubro de 2015, Hill e Hudlin selecionaram o ator e comediante Chris Rock para comandar a cerimônia.[28] Eles justificaram o retorno de Rock como apresentador pela segunda vez: "Chris Rock é verdadeiramente o MVP, [mais valioso jogador], da indústria do entretenimento. Comediante, ator, escritor, produtor, diretor, documentarista - ele fez tudo. Ele será um fantástico anfitrião do Oscar!"[5] O comandante do Oscar 2016, portanto, expressou grande apreço pela escolha dos produtores: "Estou muito feliz por apresentar a festa, é bom voltar". Inúmeras outras personalidades participaram da produção do evento em diversas áreas de organização.[29] A radialista Ellen K foi selecionada para a locução, papel realizado no momento do anúncio dos vencedores.[30] Byron Phillips e Harold Wheeler foram os responsáveis pela produção musical e direção musical, respectivamente. Pelo terceiro ano consecutivo, Derek McLane retornou à direção de arte do teatro onde a cerimônia ocorreu.[31] Fatima Robinson coreografou os números de dança nas performances individuais. Pela primeira vez, as estatuetas foram confeccionadas pela empresa Polich Tallix Fine Art Foundry, em Nova Iorque.[32]
No dia do anúncio dos filmes indicados, em 14 de janeiro de 2016, o valor bruto somado pelas oito obras na categoria principal era, no território norte-americano, de US$ 607 milhões, média de US$ 75.8 milhões por filme.[37] Considerando essa data, The Martian assegurou a maior bilheteria entre os aparentes no Oscar 2016, totalizando US$ 226.6 milhões em recibos de mercado doméstico. Em seguida, aparecem Mad Max: Fury Road (US$153.6 milhões); Bridge of Spies (US$70.7 milhões); The Revenant (US$54.1 milhões); The Big Short (US$44.6 milhões); Spotlight (US$28.8 milhões); Brooklyn (US$22.7 milhões) e, finalmente, Room (US$5.1 milhões).[36]
Em resposta às críticas, vários indivíduos, incluindo membros da AMPAS, expressaram suas opiniões quanto à falta de diversidade. Alguns defenderam a Academia dizendo que as nomeações são baseadas no desempenho e no mérito, e não na etnia. A atriz Penelope Ann Miller, votante do Oscar, comentou: "votei em artistas negros e lamento que eles não tenham sido indicados. Aferir que a falta de diversidade é porque todos nós somos racistas é extremamente ofensivo. Eu não quero ser agrupada nesta categoria porque certamente não sou; apoio e aproveito o talento dos negros na indústria cinematográfica. Foi apenas um ano incrivelmente competitivo".[46] Em uma entrevista para uma estação de rádio francesa, Charlotte Rampling, indicada a melhor atriz, disse que o plano de boicotar era uma espécie de "racismo contra brancos".[47] O produtor de cinema Gerald R. Molen também se posicionou: "Não há racismo, exceto por aqueles que problematizam. Esse é o pior tipo. Usando um recurso tão baixo de se queixar".[48]
A discussão tomou proporções ainda maiores durante a temporada de premiações, e diversas figuras do cinema corroboraram a falta de diversidade e apoiaram os esforços de mudança. Lupita Nyong'o escreveu: "estou desapontada com a falta de inclusão nas indicações da premiação deste ano, me fez pensar em preconceitos inconscientes e em méritos de prestígio em nossa cultura [...] demonstro apoio aos meus pares que pedem modificações nas histórias contadas e no reconhecimento das pessoas".[49] Em um post no Facebook, Reese Witherspoon expressou sua frustração com a falta de diversidade entre os indicados e acrescentou: "nada pode diminuir a qualidade do trabalho, mas esses cineastas merecem reconhecimento; como membro da Academia, adoraria ver uma cerimônia mais diversificada".[50] Durante uma entrevista, o então presidente dos Estados UnidosBarack Obama comentou sobre a controvérsia: "acredito que quando a história de todos é contada, a arte se torna melhor, o que faz com que todos se sintam parte de uma família americana. Dessa maneira, penso que, como um todo, a indústria cinematográfica deve fazer o que qualquer outra indústria deve fazer, procurar talentos e proporcionar oportunidades a todos".[51]
Uma semana após o anúncio das indicações, a Academia anunciou várias mudanças de regras em relação à adesão, na expectativa de aumentar o número de mulheres e minorias até 2020. A partir de 2016, os novos membros também ganhariam privilégio de voto nos seguintes dez anos; após esse período, poderiam manter a supremacia na votação se mantivessem ativos no setor cinematográfico.[52] A presidente Boone Isaacs afirmou que "a Academia vai recuperar as diversas figuras do meio, e as novas medidas terão um impacto imediato e começarão o processo de mudança significativa da composição da nossa associação".[53] As novas ações também ocasionaram a remoção dos direitos de membros ausentes na indústria, como o ator Bill Mumy e a roteirista Patricia Resnick.[54][55]
Na manhã da cerimônia, em 28 de fevereiro de 2016, a National Action Network, liderada pelo ativista de direitos civis Al Sharpton, protestou a poucas quadras do teatro Dolby, em favor da diversidade. "Vocês estão fora do tempo [...] Esta será a última noite do Oscar branco", disse Sharpton.[56] Além disso, os cineastas afro-americanos Ryan Coogler e Ava DuVernay realizaram um evento de caridade abordando a crise hídrica, no mesmo horário da festa de gala, em Flint, chamado #JusticeForFlint (#JustiçaPorFlint).[57] Apesar de os organizadores negarem que o evento estava sendo realizado como afronta, quase simultaneamente com o Oscar, muitos o viram como uma alternativa para não assistir à cerimônia.[58]
Piada sobre contadores asiáticos
Durante a cerimônia, Chris Rock colocou no palco três crianças de origem asiática que se apresentaram como contadores da PricewaterhouseCoopers (PwC): "eles nos enviaram seus representantes mais dedicados e precisos... sejam bem-vindos Ming Zhu, Bao Ling e David Moskowitz". Em seguida, acrescentou "se alguém se ofendeu com essa piada, por favor, tweet sua indignação em seu celular, que também foi feito por essas crianças".[59] Em resposta a esse segmento, Judy Chu, integrante da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, expressou sua insatisfação com Rock, a rede ABC e a Academia: "não é justo protestar contra a exclusão de um grupo fazendo piadas à custa de outro. Estou tão decepcionada que a Academia e o ABC dependem de caracterizações ofensivas para se promover, especialmente devido à controvérsia sobre a falta de diversidade".[60] A atriz Constance Wu comentou nas redes sociais que "expor crianças pequenas no palco simplesmente para serem alvo de uma piada racista é redutor e de mau gosto".[61] Além disso, vinte e cinco membros da AMPAS de descendência asiática, incluindo Nancy Kwan, Sandra Oh, George Takei e o cineasta Ang Lee, escreveram uma carta denunciando o comentário do anfitrião: "à luz das críticas sobre #OscarsSoWhite, esperávamos que a transmissão proporcionasse à Academia um caminho harmonioso e a chance de apresentar um espetacular exemplo de inclusão e diversão. Em vez disso, a cerimônia foi marcada por uma abordagem xenofóbica do retrato dos asiáticos".[62][63]
Em uma entrevista por telefone para a Associated Press, a presidente Boone Isaacs se desculpou em nome da Academia: "consigo entender a insatisfação e estamos organizando uma reunião para discutir o assunto, porque, como todos sabem, ninguém se propõe a ser ofensivo, e lamento muito o que aconteceu. Acredito que tudo pode ser resolvido com diálogo. E é isso que continuaremos a fazer: dialogar, ouvir e continuar a consertar".[64]
A cerimônia recebeu críticas diversas por meio da crítica televisiva. Alguns meios de comunicação avaliaram positivamente a transmissão comandada por Rock. A jornalista Mary McNamara, do Los Angeles Times, escreveu: "a apresentação marcou alguns dos momentos mais poderosos já vistos na história da transmissão" e concluiu "depois de anos de dissidência por sua irrelevância, o evento deste ano se posicionou; os resultados foram diversos e o anfitrião levantou questões em seu habitual equilíbrio de indignação e humanidade".[70] O colunista James Poniewozik, do The New York Times, comentou que "com Chris Rock, a Academia encontrou um sortudo anfitrião e opinador". Além disso, afirmou que "seu desempenho foi um exemplo de algo que a indústria ainda está tentando aprender: você pode alcançar a inclusão e o entretenimento, dando à pessoa certa a oportunidade certa".[71] Joanne Ostrow avaliou no The Denver Post: "Rock cutucou pontos frágeis e provocou como ninguém antes havia feito".[72]
Por outro lado, outros críticos avaliaram negativamente a festa de gala. Daniel Feinberg, colunista do The Hollywood Reporter, comentou que "Chris Rock liderou uma transmissão obrigada a se posicionar, mas ainda parecia perdido [...] foi uma falha total".[73] Frazier Moore, membro da Associated Press, disse que "quando Rock não estava em cena, o vazio prevaleceu" e acrescentou: "a tentativa de diminuir a duração dos agradecimentos com a inserção de um texto na parte inferior da tela foi horrível. Se os espectadores quiserem assistir a uma transmissão com textos irritantes a toda hora, que um canal de notícias a cabo".[74]Orlando Sentinel publicou um editorial que ressaltou: "nenhum anfitrião, por mais talentoso que seja, consegue transformar um formato enquadrado em um evento cintilante".[75]
Em seu país de origem, a transmissão da ABC atraiu uma média de 34,42 milhões de telespectadores no decorrer do evento, índice 4% menor que a audiência do Oscar 2015. Estima-se que 58 milhões de pessoas assistiram parcial ou integralmente à cerimônia.[76] Pelo Nielsen Ratings, também obteve números inferiores à edição anterior, total de 19,4 pontos. Além disso, apenas entre os espectadores de 18 a 49 anos, contabilizou 10,5 pontos. Foi a audiência mais baixa do Oscar desde a edição de 2008.[77] Em julho de 2016, a transmissão foi indicada em nove categorias do Emmy Award, mas não conquistou nenhuma.[78]
No Brasil, a cobertura foi realizada pela TNT e pela Rede Globo com tradução simultânea para o português, às 22h no horário de Brasília. Na rede fechada, Rubens Ewald Filho, Domingas Gerson e Karol Ribeiro conduziram a transmissão; na rede aberta, Maria Beltrão apresentou ao lado dos comentários de Glória Pires e Artur Xexéo.[79] Cerca de 3,26 milhões de tweets citaram a cerimônia, em território nacional, das 18h30min de domingo às 5h do dia seguinte. Um dos fatos mais repercutidos foi a participação de Glória Pires na transmissão da Rede Globo, que, segundo Zean Bravo, d'O Globo, "foram inúmeros os memes e comentários sobre a performance da atriz durante e depois da premiação. Uma das brincadeiras que viralizaram nas redes sociais usava uma imagem de Gloria desanimada com a frase "Não sou capaz de opinar" - dita por ela quando Beltrão perguntou sobre as chances de Gaga levar o prêmio na categoria de melhor canção original".[80]