Os vencedores foram anunciados durante a cerimônia de premiação em 29 de fevereiro de 2004. Vencedor de todas as onze categorias indicadas, The Lord of the Rings: The Return of the King se equiparou a Ben-Hur e Titanic como a obra cinematográfica mais premiada no Oscar,[12] além de superar Gigi (1958) e The Last Emperor (1987), os quais conquistaram todas as nomeações (9) em seus respectivos anos.[13][14] A indicação de Sofia Coppola à melhor direção a tornou a primeira mulher americana e terceira mulher em geral nesta categoria;[15] sua vitória em melhor roteiro original fez dela a segunda pessoa da terceira geração de uma família (Carmine Coppola e Francis Ford Coppola) a conquistar o Oscar.[16] Aos treze anos, Keisha Castle-Hughes tornava-se a candidata mais jovem na categoria de melhor atriz,[17] superada por Quvenzhané Wallis, indicada com nove, dez anos mais tarde.[18]
Paródia de "Get Off the Stage" durante a apresentação de melhor canção original[24]
Cerimônia
Em decorrência da baixa audiência da cerimônia anterior, a Academia procurou realizar várias mudanças e contratar um novo produtor para o Oscar 2004. A principal modificação foi adiantar a data da premiação: nos anos anteriores, geralmente ocorria no final de março ou início de abril; aqui, decidiram marcá-la para o último dia de fevereiro.[25] O diretor de comunicações da AMPAS, John Pavlik, explicou que o propósito de mudar a transmissão para um mês antes era "facilitar e reforçar a cobertura televisiva e proteger o status do Oscar como o evento de premiação preeminente do país".[26] Alguns especialistas da indústria cinematográfica especularam que efetivar a cerimônia em fevereiro foi implementada também para aplacar intensa campanha diante da distribuição dos filmes indicados, geralmente lançados nessa temporada.[27] Assim, era a primeira vez que o evento ocorreria em fevereiro desde o Oscar 1942.[28]
Em agosto de 2003, a Academia contratou o produtor de cinema Joe Roth para supervisionar a produção da cerimônia. No mês seguinte, o recém-contrato convidou o veterano anfitrião Billy Crystal para assumir a apresentação da premiação para oitava vez.[29] Para despertar o interesse do público, Roth produziu três trailers para a promoção do evento, destacando três sucessos pop à época ("Hollywood", da Madonna; "Hey Ya!", do OutKast e "Get the Party Started", de Pink) e momentos marcantes de cerimônias anteriores, ao lado dos slogans "Expected the unexpected" ("Espere o inesperado") e "It's Oscar night" ("É a noite do Oscar").[30] Esses promocionais foram exibidos em diversas salas de cinema, canais a cabo e em lojas da locadora Blockbuster Inc. em vários países.[31] Ainda, a Academia permitiu que a apresentadora Oprah Winfrey cobrisse a preparação da cerimônia em seu talk show homônimo.[31]
Em setembro de 2003, a Motion Picture Association of America (MPAA) baniu distribuições screeners, cópias de filmes geralmente enviadas aos críticos e jurados de prêmios, pois estavam receosos que pudessem servir à pirataria.[32] Muitos estúdios independentes e cineastas jovens, no entanto, se opuseram a essa decisão, acusando que prejudicaria filmes menores de serem indicados às premiações, principalmente o Oscar, já que a forma screener facilitava atrair a atenção dos membros da Academia.[32] No mês seguinte, a AMPAS e a MPAA chegaram a um acordo em que os votantes receberiam as cópias com a condição de mantê-las fora do alcance de pessoas não afiliadas à organização.[33] Em dezembro de 2003, um juiz federal de Nova Iorque anulou a proibição de acordo com a lei antitruste dos Estados Unidos.[34][35]
Bilheteria dos filmes indicados
Na semana do anúncio dos indicados, em 27 de janeiro de 2004, o valor bruto somado pelas cinco obras na categoria principal era de US$ 638 milhões, média de US$ 127 milhões por filme.[36]The Lord of the Rings: The Return of the King assegurou a maior bilheteria entre os aparentes no Oscar 2004, totalizando US$ 338.3 milhões em recibos de mercado doméstico.[36] Em seguida, aparecem Seabiscuit (US$120.2 milhões); Master and Commander: The Far Side of the World (US$85.3 milhões); Mystic River (US$59.1 milhões) e, finalmente, Lost in Translation (US$34.8 milhões).[36]
Após o escândalo do Super Bowl XXXVIII, em que a cantora Janet Jackson teve o seio exposto no intervalo das atrações, a rede ABC implementou o atraso de transmissão de cinco segundos[38][39] para garantir que nenhum material ao vivo repercutisse algum imprevisto de natureza imprópria.[40] No entanto, o presidente da AMPAS, Frank Pierson, protestou contra essa decisão em uma declaração escrita: "Mesmo que haja um breve atraso, [essa medida] introduz uma forma de censura na televisão — não diretamente de controle governamental —, mas indica que membros da emissora sabem o que o governo tolera ou proíbe".[41] Em resposta, o produtor da edição reiterou que a censura só seria aplicada a palavras de baixo calão e não a discursos políticos.[42]
Avaliação em retrospecto
A cerimônia recebeu avaliações diversas de jornalistas norte-americanos. O crítico de televisão do Chicago Tribune, Steve Johnson, lamentou que "o show perdeu o sentido familiar e foi decepcionantemente 'correto'" e reiterou o desagrado com o atraso de transmissão de cinco segundos implementado pela rede.[43]Tom Shales, do The Washington Post, ironizou que o evento "foi tão divertido como assistir à solidificação do Jell-O" e acrescentou que "a falta de surpresas nos prêmios contribuiu para uma atmosfera sem graça durante a transmissão".[44] O colunista Tim Goodman, do San Francisco Chronicle, comentou: "o Oscar 2004 arrastou-se sem muito drama ou comédia, sugando a vida do evento, mesmo enquanto fazia justiça à obra-prima que é The Lord of the Rings: The Return of the King".[45]
Outros meios de comunicação, por outro lado, mostraram-se mais satisfeitos com o evento. Ken Tucker, da Entertainment Weekly, elogiou a posição anfitriã de Billy Crystal: "localizou o meio intermediário perfeito entre a idoneidade aduladora de Steve Martin e a seriedade de Whoopi Goldberg". Sobre a cerimônia em si, disse que "conseguiu fazer o que Hollywood não fez: nos convencer de que este foi um ótimo ano para o cinema".[46] O crítico de cinema Andrew Sarris, do New York Observer, escreveu que "[esta] foi a edição mais engraçada e menos tediosa de sua memória" e exaltou a produção de Joe Roth.[47]USA Today expôs nas palavras de Robert Bianco que, "apesar da falta de suspense devido à varredura de The Lord of the Rings, Crystal conseguiu tirar boas risadas durante a noite [...] a cerimônia foi mais glamourosa e otimista que a edição passada, com ritmo decente".[48]
Recepção e audiência
Em seu país de origem, a transmissão da ABC atraiu uma média de 43,56 milhões de telespectadores no decorrer do evento, índice 26% maior que a audiência do Oscar 2003.[49] Estima-se que 73,89 milhões de pessoas assistiram parcial ou integralmente à cerimônia. Pelo Nielsen Ratings, também obteve números superiores à edição anterior, com 26,68% dos televisores sintonizados na rede, total de 41,84 pontos.[50] Além disso, apenas entre os espectadores de 18 a 49 anos, contabilizou 38,79 pontos. Os valores conquistados resultaram na maior audiência desde o Oscar 2000.[51]
Em julho de 2004, a apresentação do evento recebeu nove indicações ao Emmy Award, inclusive à categoria de melhor especial de variedades, música ou comédia.[58] Dois meses depois, na noite da premiação, conquistou a estatueta de melhor diretor em especial de variedades para Louis J. Horvitz.[59][60]
In Memoriam
O tributo anual In Memoriam foi apresentado pelo presidente da Academia, Frank Pierson. Em homenagem aos artistas falecidos no ano anterior, a montagem exibida apresentou um trecho de "The Love of the Princess", canção composta para o filme The Thief of Bagdad por Miklós Rózsa (Ben-Hur, Spellbound, Quo Vadis, King of Kings e El Cid).[61]