Filho de Pedro Alexandrino Lins e de Francisca de Barros Lins, Álvaro Lins fez o curso primário em sua cidade natal, mudando-se para cursar o secundário no Colégio Salesiano e no Ginásio Padre Félix, ambos no Recife.
Interessado por política desde cedo, fez campanha pela Aliança Liberal e conheceu João Neves da Fontura, um dos mais eloquentes oradores da caravana da aliança pelo Nordeste. Entusiasmou-se com a revolução de 1930 que instalou um governo provisório chefiado por Getúlio Vargas, porém, já no ano seguinte acompanhou o início da conspiração paulista contra a perpetuação de uma ameaça de governo discricionário. Ainda em 1931, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade do Recife e no ano seguinte assinou manifesto de solidariedade em apoio ao movimento em prol da constitucionalização do país iniciado por João Neves da Fontoura, que teve suas últimas consequências na eclosão da revolução em São Paulo em julho do mesmo ano.[1]
Também em 1932, a convite do padre Félix Barreto, professor de letras, passou a lecionar História da Civilização no Ginásio do Recife.[1] Em novembro do mesmo ano, na capital pernambucana, juntamente com outros jovens da Faculdade de Direito de Recife, como Antônio de Andrade Lima Filho, foi um dos signatários do Manifesto integralista de Recife, um dos primeiros documentos ligados ao Integralismo, movimento nacionalista que havia sido lançado por Plínio Salgado um mês antes.[2] Nessa época, como representante do Diretório de Estudantes, escreveu sua primeira obra, intitulada A universidade como escola de homens públicos, lida na cerimônia de abertura do ano letivo de 1933.[1]
Bacharelou-se em 1935. No período de 1932 a 1940, foi também professor de geografia geral e de história da civilização em várias escolas da cidade.
Firmou-se, a partir daí, no jornalismo, exercendo-o no Diário da Manhã de Pernambuco, no período de 1937 a 1940, onde foi redator e diretor. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, iniciou a fazer crítica literária, gênero que lhe deu fama nacional. Ali, foi jornalista do Diário de Notícias, Diários Associados, entre 1939 e 1940, e redator-chefe do Correio da Manhã, de 1940 a 1956. Em 1952 partiu para Portugal para lecionar a disciplina Estudos Brasileiros na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Lisboa. Também se encontra colaboração da sua autoria na revista luso-brasileira Atlântico[3].
Como jornalista, participou ativamente da luta para garantir a posse de Juscelino Kubitschek na presidência da República, em 1956. Nessa época, trabalhando ainda no Correio da Manhã, deixou de lado a crítica literária para assumir a direção política do jornal. Convidado por Juscelino, chefiou a Casa Civil do presidente entre janeiro e novembro de 1956, saindo do cargo para se tornar embaixador do Brasil em Portugal. Ainda nesse ano, recebeu a maior condecoração brasileira: a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito. Em 1957, recebeu a maior condecoração portuguesa, a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, e conduzido a se tornar membro da Academia das Ciências de Lisboa.
O impasse se tornou insustentável no início de 1959, na ocasião da aceitação do asilo político por parte do Itamaraty do líder oposicionista português, general Humberto Delgado, ato que não foi reconhecido pelo governo de Portugal, um "flagrante desacato", nas palavras de Álvaro Lins, ao próprio Juscelino Kubitschek.
Com a sensação de ter sido abandonado pelo seu presidente, sem poder contar com ele "para desagravá-lo e desafrontar a representação do Brasil em Lisboa", o embaixador Álvaro Lins protestou ainda mais veementemente quando Juscelino aceitou o convite de uma comissão portuguesa que desembarcou no Brasil para participar dos festejos henriquinos na condição de coanfitrião e cochefe de Estado português, e solicitou que Portugal concedesse asilo ao refugiado ditador Fulgêncio Batista, deposto na revolução cubana de 1959.
Algum tempo depois, enviou uma carta rompendo política e pessoalmente com o presidente Juscelino Kubitschek, acusando-o de "cumplicidade com as ditaduras, de maneira particular com a de Portugal, a do Paraguai e a da República Dominicana" e repudiando seu "compromisso com a ditadura salazarista". Em outubro de 1959, Álvaro Lins foi exonerado da embaixada de Portugal, devolvendo antes de deixar o posto em Lisboa a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo que havia recebido três anos antes.
Atividade posterior
Álvaro Lins foi o presidente da 1.ª Conferência Inter-americana da Anistia para os Exilados e Presos Políticos da Espanha e de Portugal, sediada na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1960, e diretor do Suplemento Literário do Diário de Notícias entre março de 1961 e junho de 1964. Em 1962, chefiou a delegação brasileira ao Congresso Mundial da Paz, ocorrido em Moscou. Aposentando-se do jornal em 1964, Álvaro Lins dedicou seus últimos anos a escrever livros.
Notas de um diário de crítica - Segundo volume, 1963
Literatura e vida literária, 1963
Sagas literárias e teatro moderno no Brasil, 1967
Filosofia, história e crítica na literatura brasileira, 1967
Poesia moderna no Brasil, 1967
O romance brasileiro, 1967
Teoria literária, 1967
Premiações
Prêmio Centenário de Antero de Quental, pelo ensaio Poesia e personalidade de Antero de Quental, 1942
Prêmio Felipe de Oliveira, da Sociedade Felipe de Oliveira, 1945, pela obra Rio Branco, 1945
Prêmio Pandiá Calógeras, da Associação Brasileira de Escritores, pela obra Rio Branco, 1945
Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, 1956
Grã-Cruz da Ordem de Cristo, em Portugal, 1957
Prêmio Jabuti Personalidade do Ano, da Câmara Brasileira do Livro, pela sua obra Missão em Portugal, 1960
Prêmio Luiza Cláudio de Souza, pelas obras Os mortos de sobrecasaca e Jornal de crítica Sétima série, 1963
Referências
↑ abcBrasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «ALVARO DE BARROS LINS». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 29 de dezembro de 2022